O Brasil como protagonista global na conservação de fungos: uma rápida transição do descaso à ação

Os fungos são essenciais para a manutenção de ecossistemas saudáveis e de uma economia próspera, sendo responsáveis por uma indústria de trilhões de dólares em todo o mundo. A conservação de fungos vem ganhando força na última década, com esforços consistentes no Brasil, onde 123 espécies que ocorrem no país foram publicadas na Lista Vermelha da IUCN. Apesar de sua notável diversidade, os esforços para proteger efetivamente a funga brasileira ainda são incipientes. O reconhecimento legal é recente, e estudos de impacto ambiental, bem como planos e ações específicas de conservação voltados para fungos, ainda são limitados ou inexistentes.

Em um artigo científico publicado hoje, 13 de setembro de 2025, no periódico Perspectives in Ecology and Conservation, a equipe do BrazFunSG, juntamente com pesquisadores de várias instituições do Brasil, Estados Unidos e Suíça, somando um total de 25 pesquisadores e pesquisadoras da micologia e conservação, explorou o estado atual da conservação de fungos no Brasil. No artigo, foi destacada sua importância, diversidade, endemismo e as ameaças que enfrentam, ao mesmo tempo em que aborda desafios práticos para integrar plenamente a funga brasileira na agenda nacional de conservação da biodiversidade. O artigo ressalta que as 67 espécies endêmicas brasileiras publicadas na Lista Vermelha da IUCN poderiam servir de base para a primeira Lista Vermelha Nacional oficial da funga brasileira, conforme reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Após esse marco, uma proposta formal foi submetida ao MMA para o reconhecimento oficial de 24 espécies endêmicas, avançando ainda mais no processo de listagem nacional. Esse passo possibilita a integração de espécies fúngicas ameaçadas, especialmente as endêmicas, em estratégias e políticas públicas de conservação mais amplas, em alinhamento com a Estratégia e Plano de Ação Nacionais para a Biodiversidade e com os compromissos do Brasil no âmbito da Convenção sobre Diversidade Biológica. Por fim, o artigo discute iniciativas em andamento e direções futuras para a conservação de fungos no Brasil.

O ciclo da conservação fúngica no Brasil: para garantir a proteção efetiva dos fungos, precisamos de um processo contínuo que une ciência, políticas públicas e ação prática. O ciclo é formado por cinco etapas principais, que consistem em avaliar (as espécies de fungos), planejar (ações de conservação), agir (fazer valer as ações), comunicar (resultados e conscientizar a sociedade) e conectar (redes de colaboração entre pesquisadores, instituições e comunidade).  Só com o ciclo completo é que conseguiremos incluir a funga brasileira nas estratégias nacionais de biodiversidade e enfrentar os desafios atuais da conservação.

Para ler na íntegra, acesse o artigo, em acesso aberto e gratuito, clicando nesse link.

"Brasil, um país que valoriza e conserva sua funga!"